
Ontem quinta-feira dia 03/04/08 às 19:30h na Academia Mineira de Letras o jornalista e escritor Domingos Meirelles fez o lançamento do livro 1930, sendo o segundo a ser escrito por ele. O jornalista relata as dificuldades encontradas ao longo da carreira, na longa caminhada como jornalista, ele conta que houve chance de começar no Jornal do Brasil ou no Correio da Manhã, mas fez a escolha de começar no Última Hora, jornal que sofreu invasão pelos militares em 1934 no governo de JK.
Domingos Meirelles alistou-se e foi ao combate. Ele fala que é fundamental que o jornalista se posicione, não simplesmente para ajustar sua visão e sim pelo acontecimento dos fatos e porque acontece, isso sem cometer violência, deixando fluir a consciência mediante aos acontecimentos. Domingos Meirelles é um jornalista investigativo, viaja muito para colher informações minuciosas, diz que não tem vida social, dedica muito ao trabalho. Um colega deu idéia para que ele começasse a escrever o livro ocorrido na Rússia que se transformaria em popular, teve acesso a toda a história oficial, outras eram escondidas em baixo do tapete e outras privilegiavam e aprendia a agradar ao grande público. Começou a pesquisa em um lugar que travavam grandes batalhas.
Ele fala dos seus personagens, descrevendo-os cada vez mais com grande dimensão humana e assim conseguiu agradar ao leitor. O primeiro livro “A noite das Fogueiras” já tinha atingido a venda de 60 mil exemplares vendidos.
O jornalista fala muito do “fator sorte”, foi convidado para escrever para a revista “4 rodas” pela Editora Abril, se considerou despreparado para tal tarefa. Em 1985 foi convidado para trabalhar na Globo, achava fora do perfil, por ter cabelos compridos e barbas longas e foi mal recebido pela Editora da Globo, mas considera milagre ter conseguido chegar ao Jornal Nacional e depois foi para o Fantástico onde foi bem recebido.
Domingo Meirelles diz que a necessidade é que deve mover e levar as pessoas à leitura, ele conta uma breve história de um frentista de um Posto de gasolina que já havia lido o livro dele pela biblioteca pública de Mariana, ele fala da emoção e comemoração com o rapaz a alegria da dedicação de ter lido o livro e brindaram com autógrafos, comes e bebes juntamente com um funcionário de um Hotel que também já havia lido o livro.
Então ele alerta para a leitura e busca de novos conhecimentos. Segundo Meirelles um amigo evangélico o aconselhou dizendo: procure continuar seu caminho e “procure a verdade e ela o libertará”. Isso ele mostrou limitações da própria vida.
No segundo livro “1930” ele conta que aderia novas técnicas, frutos de cruzamentos de leituras, observando os olhares dos protagonistas, pesquisando em arquivos pessoais, cartas, etc, com cruzamentos de leituras, observações, olhares diferenciados e isso foi a sacada do momento. Ela relata a carta de Vargas, a história da conspiração em Buenos Aires, o exílio, a grandeza do teatro Fênix.
Ele comenta como as mulheres se matavam nos anos 20 por nada, praticamente era de acordo com a condição social: as brancas se matavam com veneno, as domésticas com produtos de limpeza, tipo creolina etc, as negras bebiam até a morte.
Domingos Meirelles incentiva o dom da leitura, diz que a classe operária também pode ser culta, o objetivo da leitura é que se faça comparações paralelas sobre conspirações. Quanto ao jornal ele diz que o jornal é um registro, fonte importante e deve ser bem tratado como um documento. Também afirma que os jornais são pouco interessantes e não têm chamado atenção do leitor e que a saída para a mídia impressa são textos longos, bem apurados, bem escritos que chamam a atenção.
Ele elogia os textos de Ana Maria Baiana, conta a história com categoria, tema bem trabalhado e profundo, expressando sentimentos. Domingos Meirelles critica o curso de comunicação, acha que tem que sair da teoria, sair da robotização e questionar as pautas. Para não ficarem reféns da classe dominante, por que os donos dos jornais manipulam as notícias, e que devemos trocar “figurinhas”, se instruir mais, qualificar no ponto de vista ler textos que marquem. E que o marketing trata o jornal como um produto, mas o jornal é outra categoria.
Ele fala que não quer só leitores, e sim cúmplices. E que ele gasta mais nas investigações do que com a venda dos livros. Domingos Meirelles foi à Nova Yorque com indicação ao Oscar. E foi vencedor do Prêmio Jabuti em 2006 em categoria Ciências Humanas. Além de apresentador do programa Linha Direta da Rede Globo.
Reportagem Meres Chaves